Estrangeiros Enfrentam Barreiras para se Estabelecer no Brasil

Idioma, burocracia, desemprego e xenofobia estão entre os principais desafios vividos por imigrantes e refugiados no país

São Paulo, 23 de setembro de 2025 — Apesar da fama de país acolhedor, o Brasil ainda apresenta inúmeros obstáculos para os estrangeiros que chegam em busca de melhores condições de vida. Refugiados, imigrantes e estudantes internacionais enfrentam uma série de dificuldades para se integrar à sociedade brasileira, desde a chegada ao país até o acesso a serviços básicos como saúde, educação e emprego.

Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mais de 1,6 milhão de estrangeiros vivem atualmente no Brasil, sendo que uma parcela significativa enfrenta desafios diários relacionados à documentação, comunicação e preconceito.

Para muitos, o idioma é o primeiro obstáculo. Sem fluência em português, estrangeiros têm dificuldade para conseguir emprego, alugar moradia, utilizar o transporte público e até mesmo buscar atendimento médico. “Eu cheguei do Senegal há dois anos, e até hoje é difícil entender o que as pessoas falam. Isso me impediu de conseguir um trabalho fixo”, relata Mamadou Diop, de 27 anos.

Outro problema recorrente é a burocracia para regularização. O processo para obtenção de visto, CPF, carteira de trabalho e outros documentos pode levar meses e envolve exigências difíceis de cumprir. Sem documentação válida, os imigrantes ficam à margem da sociedade, dependendo muitas vezes de empregos informais e mal remunerados.

A situação se agrava para os refugiados, que fogem de crises políticas, guerras ou desastres humanitários. Venezuelanos, haitianos, sírios e congoleses são algumas das nacionalidades que mais procuram o Brasil em busca de proteção. No entanto, a acolhida nem sempre é adequada. “O Brasil nos deu abrigo, mas ainda faltam políticas públicas para que possamos viver com dignidade”, afirma Marie Joseph, refugiada haitiana que vive em São Paulo.

Além das dificuldades estruturais, muitos estrangeiros também relatam episódios de xenofobia e discriminação. Comentários ofensivos, rejeição em entrevistas de emprego e barreiras culturais são problemas frequentes. Organizações de direitos humanos alertam que o preconceito, muitas vezes velado, contribui para a exclusão social.

Apesar dos desafios, há avanços. Algumas cidades, como São Paulo, Curitiba e Boa Vista, têm desenvolvido políticas locais de acolhimento, com cursos de português, apoio jurídico e programas de inserção no mercado de trabalho. Organizações como a ACNUR e o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) também atuam na linha de frente do suporte aos imigrantes.

Especialistas reforçam que a inclusão dos estrangeiros é não apenas uma questão humanitária, mas uma oportunidade de desenvolvimento para o país. “Imigrantes trazem diversidade, força de trabalho e contribuições culturais importantes. O Brasil precisa aprender a valorizar isso”, destaca a socióloga Ana Cláudia Ribeiro, da Universidade de Brasília.